Diario esportivo

por Fred Figueiroa
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Publicação: 01/07/2017 03:00

O talveza

A semana foi marcada pela ofensiva financeira do Palmeiras para tentar a contratação de Diego Souza. A ausência de informações concretas multiplicou as versões sobre os rumos da negociação e criou um clima de incerteza dentro do Sport. Até a final do Campeonato Pernambucano ficou em segundo plano. Quando o jogo acabou, ainda no gramado do Cornélio de Barros, em Salgueiro, todas as atenções estavam voltadas para as primeiras palavras que Diego diria na semana. Elas vieram em tom emocionado, com olhos marejados. A emoção que, naturalmente, poderia ser pelo seu primeiro título no clube - e havia uma pressão em torno disso - acabou sendo interpretada como um sinal de despedida.

O jogo de xadrez
Esta interpretação era motivada, sobretudo, pelo bombardeio de notícias vindas de São Paulo que davam como certa a contratação do meia pelo Palmeiras. Uma informação vazada (ou plantada) propositalmente por alguém de dentro do clube paulista. Parte de um complicado jogo de xadrez que, do outro lado do tabuleiro, tinha o presidente rubro-negro Arnaldo Barros bancando publicamente a existência de uma multa “impagável”. O termo repetido incansavelmente pelo dirigente também deve ser interpretado como uma jogada. Enquanto isso, o destino de Diego Souza começava a ser definido nos bastidores, com propostas dos dois clubes sendo construídas. A verdade é que a decisão final sempre esteve nas mãos do jogador. E continua, aliás.

A estratégia do “impagável”
Mais que uma bravata (seria muito simplória essa leitura) a tal multa “impagável” foi uma estratégia consciente adotada por Arnaldo Barros. Valorizando o jogador no mercado e criando um escudo para tentar tranquilizar a torcida e diminuir a pressão em torno da negociação e também sobre o próprio presidente - que seria (ou será) duramente cobrado caso o principal jogador deixe o clube sem uma compensação financeira proporcional à sua importância e ao seu salário. Porém, as entrelinhas dos discursos dizem muito mais que as palavras repetidas. E no momento em que Arnaldo e o vice-presidente de futebol, Gustavo Dubeux, começam a sugerir que a vontade do jogador acabará prevalecendo fica claro que a multa impagável - se, de fato, existir - é uma mera formalidade.

Nas mãos de Diego
A versão de que, independentemente do valor da multa, a escolha do jogador será definitiva foi confirmada pelo técnico Vanderlei Luxemburgo numa entrevista ao canal por assinatura Esporte Interativo na noite da última sexta-feira. Outra sinalização de que a multa não é impagável - talvez nem perto disso. Nos bastidores do próprio clube, longe dos holofotes, câmeras e microfones, há quem garanta que a multa tem um valor baixo mesmo para o mercado nacional - e que esta foi uma exigência de Diego quando voltou ao Sport. No fundo, este número é um mistério que muito dificilmente se tornará público. Principalmente se o meia decidir pela permanência e estender seu contrato com o clube da Ilha do Retiro. O contrato seguirá guardado à sete chaves. Até a noite de sexta, esse era o caminho mais próximo. Confirmado, inclusive, em uma entrevista do técnico palmeirense Cuca. Parte do jogo de xadrez? Não se pode desconsiderar a possibilidade.

Os verdadeiros elos
Manter o jogador, sem dúvida, é o melhor desfecho possível para o Sport. Nunca houve, na prática, a menor chance de uma compensação financeira gigantes por parte do Palmeiras. Dezenas de milhões de Reais? Nem perto disso. Assim o reforço dos vínculos profissionais, financeiros e emocionais de Diego Souza com o clube é que há de mais sólido neste momento. E a indefinição da negociação que garantiu a permanência pelo menos por mais uma partida tende a criar um sentimento de comoção ainda maior - diante da esperada mobilização que a torcida fará neste domingo na Ilha do Retiro. Ainda que não seja com o estádio cheio - algo fora da realidade pela política de ingressos adotada pelo clube - o direcionamento será todo para Diego. Uma grande atuação e uma eventual vitória podem ser decisivos para o sim definitivo.

Um jogo-chave
Além da questão “Diego Souza”, a partida contra o Atlético/PR tem um peso significativo para o futuro do Sport na Série A. O time volta para o cenário de duas semanas atrás, quando enfrentou o Vitória com a perspectiva de ir para a parte de cima da classificação e acabou protagonizando uma atuação lastimável, perdendo para um adversário tecnicamente inferior. Aquela derrota pôs o time na zona de rebaixamento e n iminência de afundar em uma crise com a previsão de duas derrotas fora de casa nas rodadas seguintes contra Atlético/MG e Santos fora de casa. Porém, aquele time insólito derrotado há 15 dias, se transformou e somou quatro pontos na viagem. Poderiam até ter sido seis. De qualquer forma, o desempenho deixa o time novamente a uma vitória de mudar de degrau no Brasileiro. E, de novo, essa vitória pode vir em um menor grau de dificuldade - isto porque o Atlético/PR poupou seis jogadores visando a Libertadores no meio de semana. São oportunidades raras que surgem numa Série A e precisam ser aproveitadas. Com exceção das fortes chuvas e do gramado sem a condição ideal, todo o contexto é favorável ao Sport. Para converter isso em desempenho é fundamental aprender as lições da última derrota. Essa é a maior prova de evolução que o time pode dar no momento.