Mãe e filha deitadas no chão de casa

Publicação: 22/02/2017 03:00

“Senti impotência e vulnerabilidade. Ficamos em pânico, medo extremo, terror mesmo”, relatou uma médica de 54 anos, moradora de uma área vizinha à empresa de segurança e transporte de valores. A anestesiologista dormia na companhia da filha, de 21 anos e da mãe, uma idosa de 87 anos, no primeiro andar de sua casa, na Rua Artur Campelo, bairro de Areias, distante cerca de um quarteirão do alvo dos bandidos, quando acordou ao som de explosões e disparos de armas de grosso calibre.

“As explosões balançaram as vidraças da minha casa. Achei que era um acidente automobilístico. Depois, a vizinha da frente disse que estavam tentando entrar na casa dela. Ligamos para a polícia e os vizinhos entraram em contato uns com os outros. Ouvi os tiros muito perto. Ainda vi um Gol branco na minha rua, que chegou e parou. Depois, corri para o quarto e ficamos deitadas no chão”, detalhou a médica, acrescentando que a mãe não ouviu a movimentação por estar sem o aparelho de surdez, mas não pôde deitar no chão para se proteger de balas perdidas por não andar.

Abalada, a profissional de saúde, que preferiu não se identificar, falou sobre o  crescimento da violência e da dificuldade em manter a sua rotina de trabalho: “Nunca fui assaltada nessa área da minha casa, mas sinto muito medo. Ontem mesmo estava no sobreaviso da anestesia, fui chamada às 20h30 e retornei para casa às 23h30. Como posso trabalhar em paz, se preciso sair para as urgências? Vou pensar duas vezes antes de sair de casa”, ponderou.