Daniel era apaixonado pela aviação Experiente, piloto do helicóptero formou-se nos Estados Unidos. Casado há apenas um ano, planejava voltar a morar no exterior e ser pai

Publicação: 24/01/2018 03:00

Durante toda a manhã, a família do piloto Daniel Galvão, 36 anos, aguardava, unida pela dor, a liberação do corpo dele no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro. Em entrevista emocionada à imprensa, o pai da vítima, o advogado Geraldo Galvão, falou sobre a paixão do filho pela profissão. “Daniel amava a aviação. Eu dizia para ele ter cuidado na estrada quando ia de carro para Petrolina e ele respondia: “Pai, se eu tiver que morrer é no ar”, contou.

Profissional formado na cidade de Las Vegas (no estado norte-americano de Nevada), onde morou por oito anos, ele era um piloto experiente, com mais de 1,3 mil horas de voo acumuladas. Tirou a licença para comandar aeronaves nos Estados Unidos. O documento foi validado no Brasil em 2011. Segundo o pai, ele tinha planos para morar novamente nos EUA, pois vinha insatisfeito com a situação atual do Brasil.

Geraldo, que é pai de outros três filhos, o definia como um homem de personalidade forte, que quando estava certo, fazia sua opinião prevalecer, além de um profissional competente. “Ele era muito cuidadoso e solicitado para voar. Nunca tinha sofrido nenhuma pane com aeronaves. Acordava cedo e tinha muita responsabilidade. Já veio dos Estados Unidos para o Brasil de helicóptero, numa viagem que durou uma semana”, relatou. Geraldo disse que a família nunca questionou a profissão do filho e respeitava a escolha dele. “Não podemos culpar a profissão por ser perigosa. Tem que averiguar o que aconteceu e rezar por ele. É um trabalho muito bom para quem gosta”, destacou o advogado.

O piloto era casado há um ano com uma médica. O casal pretendia ter um filho dentro de dois anos, segundo o pai dele, que relembrou, com emoção, das últimas vezes em que esteve com Daniel. “Nos encontramos há uma semana. Também passamos o fim do ano passado juntos. Ele era muito ocupado e não tinha muito tempo para nos encontrarmos. Estávamos tentando marcar um almoço ou um jantar”, contou.

Familiares e amigos começaram a velar o corpo de Daniel ontem, em Santo Amaro, onde o sepultamento ocorrerá hoje às 11h. Também na noite de ontem, eles aguardavam a chegada de um irmão do piloto que mora na Inglaterra. O parente, que não visitava o Brasil há cinco anos e decidiu, há pouco tempo, passar três meses no país, ao invés de 15 dias, como havia planejado inicialmente. Segundo Geraldo, na noite que antecedeu o acidente, esse irmão do piloto teve dificuldades para dormir. “Parecia pressentir”, desabafou o pai.

O tio de Daniel, Roberto Galvão, é encarregado de tráfego no Aeroporto Internacional do Recife. Ainda no IML, ao falar do sobrinho, o definiu como sendo de “uma tranquilidade impressionante”. “Tive oportunidade de fazer um voo com ele e vi que realmente dominava a máquina de forma perfeita. Uma pessoa responsável, jovem e muito amada”, disse. Segundo Roberto, a família ainda está em choque.

Daniel Cavalcanti Filgueira Galvão, 36 anos
  • Licença de voo nos EUA
  • Documento validado no Brasil em 2011
  • Mais de 1.300 horas de voo
  • Na Helisae há 6 anos
  • O comandante era casado e não tinha filhos. Ele era funcionário da Helisae, empresa responsável pela aeronave. Daniel tirou a licença de voo comercial de helicóptero na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, onde trabalhou. O documento foi validado no Brasil em 2011.