Hospitais retêm macas de uso do Samu A situação é alvo de um inquérito civil aberto pelo MPPE e seria consequência da superlotação nas unidades hospitalares do estado

Publicação: 04/07/2025 03:00

O MPPE reforça que, sem macas, as ambulâncias do Samu perdem a sua agilidade (EDSON HOLANDA/PCR)
O MPPE reforça que, sem macas, as ambulâncias do Samu perdem a sua agilidade

O trabalho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano está sendo prejudicado pela retenção de macas em hospitais públicos da rede estadual para uso como leitos, segundo investigação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). De acordo com o inquérito civil aberto para averiguar a situação, essa retenção estaria acontecendo nos hospitais Agamenon Magalhães, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas, Restauração, Dom Helder Câmara, Pelópidas Silveira e Miguel Arraes. Já governo do estado informou que está adquirindo 10 mil novas macas.

O assunto será discutido durante uma audiência pública convocada pelo MPPE para o próximo dia 15 de julho. O casos está nas mãos da 11ª e 34ª promotorias de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital (Promoção e Defesa da Saúde). Responsáveis pela convocação da audiência, as promotoras Helena Capela e Eleonora Marise Rodrigues apontam que a retenção de macas em unidades hospitalares da Rede Estadual de Saúde compromete a prestação de atendimento à população em casos de urgência e emergência, aumentando o tempo de resposta ou até mesmo inviabilizando o atendimento.

LEITOS
Ainda segundo o MPPE, as ambulâncias do Samu Metropolitano do Recife “são equipamentos de transporte pré-hospitalar e não devem destinar-se para uso diverso, tal como leito hospitalar”. O órgão ressalta que “o cenário de superlotação das grandes emergências estaduais e o déficit de leitos resulta na permanência de pacientes em macas do Samu nos corredores das unidades hospitalares”.

Ontem, durante um evento, a governadora Raquel Lyra foi questionada sobre o inquérito. “Comprei 10 mil macas, agora. Eu nunca mais vou reter. A meta é não reter nenhuma maca de qualquer ambulância. Estou comprando 10 mil macas. Se for necessário comprar 20 mil, 30 mil macas, eu irei comprar”, declarou a gestora.

A audiência pública acontecerá no Auditório Fernando Santa Cruz, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife. Foram convocados a participar, na condição de expositores, as secretarias Estadual de Saúde, Municipal de Saúde do Recife, a gerência geral do Samu Metropolitano do Recife, bem como os diretores dos hospitais citados no inquérito civil. Além disso, foram convidadas entidades médicas como o Conselho Estadual de Saúde e os conselhos regionais de Medicina (Cremepe) e de Enfermagem (Coren), sindicatos, entre outros.