Hospitais criam ambientes 'caseiros' Os hospitais Guararapes e Santa Joana apostam no modelo do Parto Adequado indicado pelo Ministério da Saúde

Publicação: 12/05/2018 03:00

Cerca de nove em cada 10 partos nos hospitais privados brasileiros são de cesarianas. As discussões sobre os direitos reprodutivos femininos têm levado as instituições a repensarem a estrutura disponível para partos humanizados. Segundo o Ministério da Saúde, desde a implantação da estratégia Parto Adequado, lançada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), há uma queda nos partos cirúrgicos. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), duas instituições aderiram ao programa.

O Parto Adequado identifica modelos inovadores de atenção ao parto e promove mudanças no cuidado, a partir de práticas baseadas em evidências científicas. Para isso, são realizadas adequações nas unidades hospitalares, como criação de espaços específicos para parto humanizado, capacitação do corpo técnico e projetos de conscientização das gestantes. O Hospital Guararapes (HG), em Jaboatão dos Guararapes, foi o primeiro do estado a aderir ao modelo, em 2017.

“As capacitações ocorrem desde a direção até o administrativo. Fazemos reuniões mensais com a equipe da estratégia e alimentamos toda semana uma base de dados”, explica a médica coordenadora obstétrica do HG, Helaine Rosenthal. O hospital realiza 400 partos por mês, dos quais  65% são normais. A unidade tem sala própria para partos humanizados, com equipamentos como bola suíça e equipe multidisciplinar disponível 24 horas, com enfermeiras obstetras e doulas.

A porta de entrada pode ser através do ambulatório SUS da unidade, por meio de médicos cadastrados ou na emergência. O valor cobrado, em caso de partos particulares com os profissionais do hospital, chega a ser metade dos custos médios do mercado. Lá também são realizadas rodas de gestantes para sensibilização, divulgadas sempre no site.

Neste ano, o Hospital Santa Joana Recife também ingressou no Parto Adequado. Há cerca de cinco anos, a maternidade já havia passado por adequações organizacionais e físicas, criando oito apartamentos para parto humanizado. Eles ficam no mesmo andar do bloco cirúrgico e dispõem de equipamentos de neonatologia. Durante o parto, uma sala cirúrgica também fica bloqueada para casos de intecorrência. Para parir nos apartamentos, que disponibilizam métodos não farmacológicos para alívio da dor, é cobrada uma taxa extra.

“Nós contratamos também uma equipe de médicos para ficarem disponíveis sete dias por semana, em caso de a paciente não ter médico assistente. Embora, orientemos as mulheres a chegarem já com um profissional”, diz o coordenador da maternidade do HSJR e professor de obstetrícia da UFPE, Edilberto Rocha. Lá, as doulas também são presença oficializada. A taxa média de partos normais da unidade é de 15% e, segundo Edilberto, vem aumentando.

Neste mês, o Real Hospital Português (RHP) também passou a disponibilizar uma sala adaptada para parto humanizado, onde a mulher pode ficar com quantos acompanhantes desejar e dispõe de banquetas, bolas, espaldar, som ambiente. Nesse local, não é permitida a analgesia. Dentro do bloco cirúrgico, também há uma sala igual, para casos de contraindicação de permanecer em apartamento. É permitido um acompanhante e um profissional assistente,A unidade aumentou de 3% para 10% a taxa de partos normais realizados.