'Parece uma jogada de marketing' Senador Humberto Costa (PT-PE) disse ontem que a intervenção federal no Rio de Janeiro é de extremo risco. PT e PSol votarão contra a medida

Publicação: 17/02/2018 03:00

O líder da oposição, Humberto Costa (PT-PE), disse que considera a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro uma medida de “extremo risco”. Ele questionou a eficácia da medida. “Será que as Forças Armadas estão preparadas para lidar com segurança pública? Porque elas estão preparadas para a guerra”, disse.

Como líder da minoria, Humberto Costa deveria participar do Conselho da República, criado para deliberar sobre a intervenção mas não foi convidado para a reunião convocada pelo presidente da República. Isso porque os líderes da minoria e da maioria na Câmara e no Senado integram o conselho, segundo a Constituição. “A oposição vai se reunir, vamos buscar conversar para ver se podemos ter posicionamento conjunto, qual vai ser nossa ideia, se vamos propor algum tipo de mudança nesse decreto. Algum tipo de restrição a isso, porque isso é muito sério.”

O senador petista também avaliou que a medida parece “jogada de marketing”. “Me parece em primeiro lugar uma jogada de marketing. É muito mais uma jogada política do que militar”, criticou. “O governo, se vendo cada vez mais no canto da parede, tenta aí uma ação heroica para tentar reverter esse quadro. Então é uma coisa extremamente arriscada, porque, se não der certo, as repercussões podem ser extremamente negativas e danosas”.

Humberto Costa argumentou ainda que não está muito claro qual a razão dessa decisão do governo neste momento, após o Carnaval. “É muito arriscado o que está fazendo e não está muito claro qual é a razão disso. Por que o governo federal ou o governo do Rio não pediram para o período do Carnaval a presença da Força Nacional? Tem outras coisas que poderiam ser feitas antes, mas decretar intervenção é algo muito grave. Muito forte”.

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), afirmou nesta sexta-feira que os deputados e senadores do partido votarão contra o decreto. O líder do PSol, deputado Ivan Valente, disse que também vai orientar o voto contrário.

Para o petista, o decreto, assinado pelo presidente Michel Temer, teve objetivo político de esconder a incapacidade do Palácio do Planalto de angariar os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência.

“Nossa opinião e nossa orientação para as bancadas será no sentido de que o PT votará contra esse decreto. Votaremos contra esse decreto”, declarou Pimenta em entrevista, ressaltando que acertou a decisão com o líder da legenda no Senado, Lindbergh Farias (RJ). A previsão é de que o decreto seja votado na próxima segunda-feira na Câmara e até quinta-feira no Senado. Para ser aprovado, são necessários votos favoráveis apenas da maioria dos parlamentares presentes na votação.

“Entendemos que a medida não tem como objetivo principal enfrentar o problema da segurança no Rio e, sim, responder a situação delicada e crítica que envolve o governo e sua incapacidade de cumprir sua agenda, em especial a reforma da Previdência. Essa ação anunciada hoje tem muito mais o objetivo político do que operacional”, acrescentou. (AE)