MULHER » Projeto debate músicas ofensivas

Publicação: 20/06/2018 03:00

O alerta surgiu na hora do recreio. No início do ano, pofessoras da Escola de Referência em Ensino Médio Jornalista Jáder de Andrade começaram a perceber agressões sexistas direcionadas às meninas durante o intervalo com base em termos usados em músicas de bregafunk. Reuniram-se e tomaram a decisão. Através do Núcleo de Gênero e Enfrentamento da Violência Contra a Mulher da escola, promoveram um projeto para trabalhar o empoderamento feminino a partir da análise do discurso nas músicas.

As professoras Cecília Ribeiro e Joseane Andrade, ambas do núcleo, encabeçaram o projeto Músicas que reproduzem ofensas contra a mulher. Inicialmente o tema foi abordado nas aulas de direitos humanos, empreendedorismo e sociologia. A repercussão chegou a outras aulas e terminou tomando conta da escola. O mote usado para o início dos trabalhos foi o Dia da Mulher, celebrado em 8 de março.

“Descobrimos durante o processo que muitos deles escutavam apenas pelo ritmo. Alguns nem prestavam atenção na música e quando entendiam a letra, passavam a não gostar mais”, disse Cecília. A partir daí, as professoras deram aos alunos uma tarefa: pesquisar uma música ofensiva e uma que enaltecesse a mulher. Depois, os grupos apresentariam as duas canções aos colegas. Para o projeto surtir efeito ainda melhor, Joseane contou que as famílias dos alunos também foram chamadas para assistir às apresentações.

“Percebi que a mulher é muitas vezes tratada como objeto sexual, como se ela fosse descartável”, descreveu a estudante Raniely Vieira, 17 anos. O colega dela, Wallacy Souza, 18, acha que as músicas tiram o valor da mulher. “Não somente delas, como de qualquer ser humano”, pontuou.

Ao todo, as turmas do ensino médio apresentaram 12 músicas ofensivas e 12 homenagens à mulher. O resultado não é um proibição ou uma proposta de censura aos jovens, esclarecem as professoras. Mas uma busca de um olhar mais crítico sobre o que eles cantam e reproduzem na rotina ou na diversão.