A maior livraria em linhas retas
Em formato de L, sem balcão e com livre circulação, a Livro 7 foi um dos maiores redutos culturais e políticos de Pernambuco, a maior livraria em extensão e títulos do país segundo o Guinness Book e, passados 50 anos da criação, ainda um marco no imaginário recifense
ANDRÉ SANTA ROSA
andre.rosa@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 19/10/2020 03:00
A Livro 7 era uma festa, como bem definiu o escritor Raimundo Carrero. Mais do que uma livraria no bairro da Boa Vista, ela foi por cerca de 30 anos um ponto de atração magnética da cultura do Recife. Localizada na Rua Sete de Setembro, era o núcleo de onde outros espaços da vida cultural orbitavam ao redor - entre eles, o Beco do Barato, o bar Mustang, o cinema Veneza e o Teatro do Parque. O que começou como um pequeno espaço administrado pelo livreiro Tarcísio Pereira se tornou um marco para Pernambuco. E anos depois para o Brasil: foi a maior livraria nacional em tamanho e exemplares (60 mil), reconhecida pelo Guinness book. Em 2020, a Livro 7 completaria 50 anos. Seus ecos continuam simbolicamente e afetivamente. Muito além do tamanho físico, foi palco de grandes lançamentos, formação cultural e política e efervescência da cidade, numa época de um país podado pela censura editorial da ditadura militar.
Uma sala de 20 m2. Esse era o tamanho quando a livraria foi inaugurada em 27 de julho de 1970. Sua história está ligada aos tempos de comércio urbano pré-shoppings, quando Tarcísio teve a primeira formação na Livraria Imperatriz, capitaneada por Jacob Berenstein. “Assumi como encarregado e já tinha o pensamento de abrir a minha livraria. Sem balcão, porque eu odiava balcão. Era uma coisa comum naquela época, uma barreira que separava o público do livro. Eu achava muito chato o cliente de longe, pedindo o livro, sem nenhuma mágica que tivesse diretamente acesso”, conta Tarcísio, em entrevista ao Viver. Ele ficou na Imperatriz de 1964 até 1969. Quando saiu, decidiu abrir a Livro 7. Sem balcão, claro.
No primeiro prédio, existia um pequeno corredor, que Tarcísio decidiu montar para eventos como, por exemplo, um festival de Super 8 com Celso Marconi, Jomard Muniz de Britto e Fernando Spencer, e torneios de xadrez, sempre aos sábados. Em 1974, a livraria se mudou para um casarão, onde cresceu até o ápice, quando dobrava o quarteirão em um formato de L... de livro.
O modelo de Tarcísio é o que conhecemos hoje nas livrarias, de livre trânsito entre as prateleiras, com restaurante e poltronas para leituras, algo que na época impulsionou a Livro 7. “O pessoal começou a criar uma coisa de ‘lançamento tem que ser na Livro 7’, e a mídia sempre apoiou muito. Era frequentada por várias pessoas, pela classe artística em peso e também jornalistas. Eu dava liberdade para o pessoal pegar o livro e ver se estava interessado em comprar”, explica. “Eu ensinava a quem vendia para não pegar o livro do cliente direto, mas mostrar a sessão, onde ele via outros autores e se interessava em comprar outros.”
Com a Livro 7, lojas de discos, artesanatos e plantas de interiores, cervejaria com 600 cadeiras e miniteatro, o prédio foi uma galeria cultural da região, um espaço colaborativo e democrático, inclusive com linha de crédito aos estudantes. “Uma coisa que atraía era o Cartão Cultural (o CrediSete). Quando chegava o final do mês, eram filas e mais filas no caixa”, pontua Tarcísio.
Uma sala de 20 m2. Esse era o tamanho quando a livraria foi inaugurada em 27 de julho de 1970. Sua história está ligada aos tempos de comércio urbano pré-shoppings, quando Tarcísio teve a primeira formação na Livraria Imperatriz, capitaneada por Jacob Berenstein. “Assumi como encarregado e já tinha o pensamento de abrir a minha livraria. Sem balcão, porque eu odiava balcão. Era uma coisa comum naquela época, uma barreira que separava o público do livro. Eu achava muito chato o cliente de longe, pedindo o livro, sem nenhuma mágica que tivesse diretamente acesso”, conta Tarcísio, em entrevista ao Viver. Ele ficou na Imperatriz de 1964 até 1969. Quando saiu, decidiu abrir a Livro 7. Sem balcão, claro.
No primeiro prédio, existia um pequeno corredor, que Tarcísio decidiu montar para eventos como, por exemplo, um festival de Super 8 com Celso Marconi, Jomard Muniz de Britto e Fernando Spencer, e torneios de xadrez, sempre aos sábados. Em 1974, a livraria se mudou para um casarão, onde cresceu até o ápice, quando dobrava o quarteirão em um formato de L... de livro.
O modelo de Tarcísio é o que conhecemos hoje nas livrarias, de livre trânsito entre as prateleiras, com restaurante e poltronas para leituras, algo que na época impulsionou a Livro 7. “O pessoal começou a criar uma coisa de ‘lançamento tem que ser na Livro 7’, e a mídia sempre apoiou muito. Era frequentada por várias pessoas, pela classe artística em peso e também jornalistas. Eu dava liberdade para o pessoal pegar o livro e ver se estava interessado em comprar”, explica. “Eu ensinava a quem vendia para não pegar o livro do cliente direto, mas mostrar a sessão, onde ele via outros autores e se interessava em comprar outros.”
Com a Livro 7, lojas de discos, artesanatos e plantas de interiores, cervejaria com 600 cadeiras e miniteatro, o prédio foi uma galeria cultural da região, um espaço colaborativo e democrático, inclusive com linha de crédito aos estudantes. “Uma coisa que atraía era o Cartão Cultural (o CrediSete). Quando chegava o final do mês, eram filas e mais filas no caixa”, pontua Tarcísio.